Poema do menino
Um toque repentino
vem do fogo já queimado,
o menino, safado,
que correu sem destino,
andou no regaço,
fez festa no céu.
O coitado tornou-se réu
dos anjos de cara feia.
Ficaram aperreados,
mal encarados,
sem descer do céu.
Ele virou fel
em correntes forjadas,
‘rancou o dedão do pé,
tocando em sua fonte de fé
asfixiada,
será que é?
Mas desceu o terno juiz
num inverno frio.
Procurava o menino. Foi até o Rio
de Janeiro, em fevereiro. Voltou em setembro e até quis
sentir verão no inverno.Que inferno!
Ele era apenas um aprendiz
de menino safado,
que corre sem destino,
sem passos calçados.