A CIDADE E AS MONTANHAS

As montanhas

são momentos de graça,

beleza cinzelada na pedra.

As montanhas são eternidade.

A cidade não almeja o eterno.

É luz e fugacidade.

As montanhas abraçam

a cidade, suaves,

as montanhas de rocha bruta.

Infensa, a atlântica mata.

As formas sinuosas da mulher,

são iguais as formas da cidade.

A cidade é perdida,

como existem mulheres perdidas,

traineiras sem rota, putas

nas esquinas da cidade.

E há homens perdidos,

vagando pelas ruas.

As montanhas são maciças,

vigas mestras de sustentação

de um céu platinado

e, por vezes, de um céu de anil.

E as águas? Porque que vertem-se as águas?

Ah! as águas vertem-se porque correm prantos.

Contínuas, escorrem de fendas/feridas nas pedras.

Há o sorriso dos puros

que habitam a cidade.

Também há as águas latentes.

Cidade do sol e das enchentes

cidade do aguaceiro

do mar que observa as montanhas

enevoadas em Março

emoldurando a cidade do Rio de Janeiro.

Ricardo S Reis
Enviado por Ricardo S Reis em 11/07/2007
Reeditado em 12/07/2007
Código do texto: T560858