COMPULSÃO
 
 
Tu não me conhece
 
Se ao menos
Me visse em sonho
Como realmente sou
Penso que nem nunca mais
Leria meus poemas
Me conhecer então...
 
Porque eu
Sou um arremedo de pessoa
 
Enfiado num jeans puído
Comprado em suaves prestações
Num brechó da zona leste
 
Que largou o emprego
Numa metalúrgica, para escrever
E escrevo
Escrevo sim! 
 
Por pura compulsão, mas escrevo
Porem são versos
Que ficam engavetados
Porque nem à minha filha
Que é literata, eu tenho coragem
De mostrar. Mostro a você
Que visitou meu blog
Leu alguma coisa que escrevi
E pra me agradar
Ou talvez por compaixão
Fez um elogio
Que só aumentou mais e mais
A minha compulsão   
 
 
S. Paulo, 14/01/2016
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