Palavras

Longe de ser eu literato

Penso que sou mesmo um raso

Me pego, às vezes, cabisbaixo

Tentando alinhavar meus alfarrábios

Sem valia são as minhas fantasias

Meditação em meio a tantas azias

Que fluem na ausência de imaginação

Em horas perdidas de reflexão

Meu texto corta a mente

Como um tiro que passa rente

Envolto em tanta aliteração

Quase sem paixão

Ameaça a mim escritor

Que ainda com algum pudor

Arrisco-me pelas páginas

Em vão domar as palavras

Quem sabe fosse mais fácil

Extrair a matemática

A cercar a gramática

E estreitar a temática

Onde estará minha inspiração?

Gritei com todo pulmão

Preciso suportar o estorvo

De quem se perdeu de novo

Quero libertar já meu vocábulo

De uma vez em mim alforriá-lo

Assim também talvez livre eu seria

Para viver de escravo em poesia.

Fábio Pirajá
Enviado por Fábio Pirajá em 04/01/2008
Reeditado em 04/01/2008
Código do texto: T802476