Palavras
Longe de ser eu literato
Penso que sou mesmo um raso
Me pego, às vezes, cabisbaixo
Tentando alinhavar meus alfarrábios
Sem valia são as minhas fantasias
Meditação em meio a tantas azias
Que fluem na ausência de imaginação
Em horas perdidas de reflexão
Meu texto corta a mente
Como um tiro que passa rente
Envolto em tanta aliteração
Quase sem paixão
Ameaça a mim escritor
Que ainda com algum pudor
Arrisco-me pelas páginas
Em vão domar as palavras
Quem sabe fosse mais fácil
Extrair a matemática
A cercar a gramática
E estreitar a temática
Onde estará minha inspiração?
Gritei com todo pulmão
Preciso suportar o estorvo
De quem se perdeu de novo
Quero libertar já meu vocábulo
De uma vez em mim alforriá-lo
Assim também talvez livre eu seria
Para viver de escravo em poesia.