A Bruma Malsã

Depois de uma noite tortuosa

sem a mais leve inspiração

a manhã nasceu abrumosa

tão densa e feia, tão arredia e mofina

com tal insípida feição

que de pouco valeria abrir os olhos.

Não se cogitava notícia

e não se seria capaz

de nenhuma poesia.

Mas o poeta se põe de pé

não se demite da azáfama do lírico

e logo depois do pão com café

já quase ao meio-dia

vai buscar a fruta fresca

no fim da feira, na esquina

fruta salivosa, suave e odorífica

uma maçã, ou quiçá, a cajuína

para desfazer a bruma

e adoçar o paladar

desta manhã pequenina.

RicardoSReis
Enviado por RicardoSReis em 15/01/2008
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