A Bruma Malsã
Depois de uma noite tortuosa
sem a mais leve inspiração
a manhã nasceu abrumosa
tão densa e feia, tão arredia e mofina
com tal insípida feição
que de pouco valeria abrir os olhos.
Não se cogitava notícia
e não se seria capaz
de nenhuma poesia.
Mas o poeta se põe de pé
não se demite da azáfama do lírico
e logo depois do pão com café
já quase ao meio-dia
vai buscar a fruta fresca
no fim da feira, na esquina
fruta salivosa, suave e odorífica
uma maçã, ou quiçá, a cajuína
para desfazer a bruma
e adoçar o paladar
desta manhã pequenina.