Perdão minha mãe
Perdão Mãe do meu amor
a demora desta poesia
que esperou o estanco da alma,
o estanco que nunca estanca a dor,
nunca estanca o tanque de lágrimas.
Perdão minha mãe amada
a demora destes versos
brancos como tua aura,
alvos como a tua alma,
serenos e sem rimas
sem rimas como foram os teus dias.
Perdão senhoras dos meus dias
a demora deste canto,
a espera pela alegria
que espera sim em teus olhos,
em teus braços serenos a me esperar
cheios de amor.
Perdão, mais vez perdão,
mãe dos meus caminhos,
pois o pranto entupiu-me as veias
e meu sangue não mais pode correr,
preso nas pedras da angústia.
Os versos engasgados nos olhos.
E a vida engarrafada no adeus.
Perdão minha mãe santa
pela prece que tardou neste oratório,
no rosário de lamentos,
nestes terços dolorosos,
neste pranto inconformado
num adeus que não existe.
Perdão mãe da minha alma
pela lágrima vertida em desespero,
o compasso, descompassado que se perdeu
na canção da minha vida,
pelo rio caudaloso,
a cascata deste pranto interminável
eterno como o teu amor eterno, terno e materno.
Perdão mãe da minha esperança,
pelo verso tão tardio
sem rimas, sem sal e nem açúcar.
mas como disse os versos da minha infância
“a palavra mãe é ta sublime como a lágrima,
para ambas não há rimas nem tradução”.
Perdão minha mãe.