Desabafo de mulher

Minha vida está um caos,
não tendo direito a nada.
Perco até a inspiração
para a poesia, minha alegria,
minha companhia
nas horas de agonia.
Sou totalmente desvalorizada,
Sem eira nem beira,
Uma verdadeira enjeitada.

Sou pau para toda obra:
faxineira, cozinheira,
Lavadeira, passadeira,
Engomadeira.
Sou até enfermeira
Além de boa companheira,
Sem cobrar um tostão.

Fui sempre mulher caseira,
Sempre andei pela direita,
Não sou de badalação.
Mas, com tudo que acontece
Vou mudar a situação.
Deixarei de lado a decência
E para a rua sairei,
Vou andar na contra-mão.
Vou revirar os olhos,
Rodar a bolsinha
E rebolar no calçadão.

Quando voltar pra casa
Bancarei a dondoca,
Comendo chocolate e pipoca
Diante da televisão.

Pode ser que desse jeito
Seja mais valorizada.
Assim como está
Não dá mais não,
Ou acabo ficando louca,
Ou afundo na depressão.


 
Antonia NeryVanti (Vyrena)
Enviado por Antonia NeryVanti (Vyrena) em 16/06/2011
Reeditado em 06/03/2018
Código do texto: T3038600
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