“Procê não me esquecê”

“Procê não me esquecê”

Julieta de Souza

Sou mineira, sim senhor,

Gosto de falar Uai...

Gosto de tratar com amor

Mães, irmãos, filhos e pais.

Quando uma visita não é chegada

Sempre fico ressabiada,

Mas não deixo a delicadeza de lado.

Mesmo assim eu ofereço

boa prosa e mesa farta,

Bolo de milho, broa de fubá,

Pão de queijo e “cafezim”,

Mesmo assim desconfiada,

Trato a todos com “jeitim”.

Gosto sim de ser mineira, uai,

E falar “devagarim”

Engolir algumas letras,

Pra ficar mais “bonitim”.

Já dizia o Drummond

Sobre o sotaque das mineiras

Um falar lindo e charmoso

Que conquista a terra inteira.

Entre o português e o mineirês,

Escolho, claro, o meu falar,

Pois , olha só, “procevê”,

Foi falando desse “jeitim”,

Que fiz este poema “procê”!