Catacumbas
Os segredos vivem no subsolo
Nas entranhas desse mundo insólito
De areia, granito e sangue
No subterrâneo há mil catacumbas
Veias sem vida por sob a cidade
Vias úmidas que bombeiam a morte
Escuros túneis sem norte
Que vão a todo lugar
E chegam a lugar algum
Infinitos labirintos
Curvas sinuosas
Que se perdem sob a pele
Do submundo que engole almas
Amontoadas nas celas frias
Em covas escondidas
Milhões de ossos carcomidos
Montados em muros
Sepulturas geladas
Séculos de vidas mortas
Cidadãos da metrópole
Zumbis sem biografia
Existências finadas
Enterrados a sete palmos
Exumados a vinte pás
Mortos-vivos emparedados sob a cidade
Os túneis dividem-se
Dezenas de entradas
Nenhuma saída
Degraus de ossos
Paredes de crânios
Esgotos de rua
Bueiros de chuva
Milhões de sepulturas
Catacumbas sem luz
Destino de todos.