todo poeta não é são

todo poeta não é são,

fica sempre uma loucura

confluindo coa verdade,

sempre um gole a mais de vinho,

fica sempre uma paixão

caminhando à noite insana,

uma rosa e sangue e mortes,

sempre muitas mortes num só tomo,

sempre muita noite n’ânsia e em sonhos,

sempre os sonhos ilusórios

e os espectros passeando galerias segredadas

a um acaso do destino.

fica sempre um estribilho

que não toa uma canção,

uma nota sem morada

sobre a pauta torta e torta,

e sempre uma palavra sem contexto.

— todo poeta é são?,

— não, não é.

fica sempre a inconsciência

sobre o ato de uma fala

que entre as nuvens de avião

faz piuí, piuí, piuí!

(03/11/2004)

este e outros poemas do autor fazem parte da obra "Esquizolira e Desalinho" publicada neste link:

http://perse.doneit.com.br/paginas/DetalhesLivro.aspx?ItemID=669