o advindo das carniças
agouro o futuro nos pássaros negros,
loucos, loucos eles nadam sobre o odor pútrido das carniças,
sangue de pedras partidas, debaixo do sapato
sangue, redemoinho de máquinas pressupondo a hora do almoço, a sopa de osso,
carniças, carícias ela pede desnuda, despida a inocência da morte,
sobre o túmulo do amante, túmidas vaginas sapateiam a despedida do sol
no cemitério de barro, na areia dos templos,
memoriais da dissolução do tempo,
pílulas de universos
comprimidos nas mãos de deus e do diabo, o diabo nos olhos da menina,
a menina batizada no sangue dos bois nos pastos da fúria,
a menina de branco vestida para as núpcias, ela é virgem, mas seu noivo é o diabo,
sangue debaixo do sapato, é o sangue do teu irmão
colhido das flores do mato, do espinho silvestre, é o sangue da messe,
a nascença do medo
e a dor, cesto de cruzes quebradas e cobras, covis de olhos humanos
nas janelas da noite, o sétimo dia da morte,
o dia do nascimento fecundo das ramas do trigo, os bagos do trigo, o pão mendigo
da fome, é meu irmão aquela carcaça úmida e doente chupando ossos
de macaco?, é meu pai, é meu pai e minha mãe, meu dna apodrece nas veias
cantando a profecia da noite, a profecia da lua,
cumpre-se agora a profecia da lua, ela vem menina com sete vaginas
e deita no leito incestuoso de um filho, um filho morto, assassinado pela luz do dia,
sangue debaixo do sapato,
a mesa do almoço posta com sete toalhas roxas e molho de fel da garganta do abismo,
o poço sem fundo da civilização, o limo lúgubre da língua
nas carniças de um irmão, o advindo vindo