Diarréia poética

Aos puritanos arqueológos da poesia, com asco!

Minha poesia é trágica,

Patética, sistematicamente ex-tética,

Esquematicamente diurética, frenética.

Ela não cria mundos, pelo contrário,

Cuida para destruir alguns, se possível.

Não quero uma poesia perfeita, aceita,

Com amores e dores naufragados e encharcados

Nos pareceres intelectuais da academia.

Quero a anarquia poética, nostalgia insana,

Diarréia letrada e fixada nos supostos erros.

Minha poesia é de bêbados ensandecidos,

Maridos traídos, mendigos aturdidos,

Prostitutas de seios caídos e, mesmo assim,

Envaidecidos por versos pútridos.

Para alguns, eu sei, a poesia é mais que isso.

Poesia, para eles, é caminhada em terreno celestial,

Beijo no gigante espacial, abnegação do solo coloquial,

Concupiscência pelo magistral, sensorial, sensual/sexual,

Só isso, para eles que são “sábios”.

Não quero ser tão correto com minhas linhas.

Quero subverter o que é sensato, saldar o pacato,

Escrever, se possível, sem tanto trato, no meio do mato,

Sem flores na lapela ou lustrado sapato,

As loucuras que o meu corpo expele e que, em verdade,

São nojentas demais para os intelectuais.

Roniel Oliveira
Enviado por Roniel Oliveira em 27/12/2008
Código do texto: T1354454
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