DA JANELA
DA JANELA
Sou um fascinado
Pelas coisas assassinadas
Pelos assassinos cegos
Pelas saudades concretas
Feito as ruas ladrilhadas
Dos prostibulos esquecidos da memória
Lembro de um quarto branco trancado
Que encurralava a realidade
E libertava meus sonhos
As janelinhas de madeira
Pintadas de verde
Que pornografavam o céu
E me faziam gozar
Com meus pesadelos
Sou fascinado pela sede dos loucos
Pelas vontades ébrias dos meninos
Que querem ser adultos a qualquer custo
Pelos contos de fada das menininhas
Que parem aos nove anos
E sonho com minha morte no paraíso
Entre borras e garrafas
Cheias de desilusões e desaforos.