DESGUIA-ME, POETA !

Desguia-me das tardes de meus sonhos,

e também de minhas noites sem luz.

Dos momentos em que eu estive só.

Desguia-me das tormentas e trovões

Desguia-me dos outonos de mulher

aquela mulher, passado errante de mim.

Passa ao largo e me toma pela mão,

levando-me ao outro lado da margem

Desvia-me também ao teu insano olhar

afugentando o frio das manhãs sem sol

do meu diário fúnebre, e total "sem vida"

diário tão cinzento dos meus pés no chão

Desvia-me prá longe do meu certeiro norte

que é sempre tão centrado, tão lógico,

eu não quero as tuas rimas do soneto rico

desejo as vãs palavras em teu imediato

Desguia-me ao teu mundo de poeta errante

e me reconforta com teu beijo certo, quente

em nossas tardes em amores eloqüentes

e nas manhãs de inverno de amores ausentes

Desguia-me de novo para que eu possa

aplacar de vez minha amargura, em posse

desta tua boca de poeta, em que posso

derramar meu mel nas noites de passagem

Nota: é prá você viu ? agradecendo aos versos de voar,

e dizendo sempre: Pode, enfim, me desguiar... é tudo o que eu quero !

Lili Maia
Enviado por Lili Maia em 20/07/2005
Reeditado em 22/07/2005
Código do texto: T36250
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