Cama de pedra

É assim que dói

essa dor que se acostuma

a doer,

noite e dia.

As revoltas novas,

as brigas antigas,

as dores de agora.

Sem pensar em respirar,

pra não contagiar

meus pequenos anjinhos,

que dormem

no escuro,

tento dizer a mim mesmo

que ainda vivo

estou.

Não se pode rolar

nesse leito descortável,

minhas velas não apagam hoje,

o carteiro foi sequestrado

anteontem,

mas a imobilidade

de minha consciência

acredita em tudo que vê.

sem fazer barulho,

fecho as janelas

do quarto

e tranco a porta à chave.

Na verdade acho que meus

anjinhos

viraram demônios.

Dil Erick
Enviado por Dil Erick em 24/07/2005
Reeditado em 12/09/2009
Código do texto: T37334