PRESA

Tive presa. Não sabias?

Vou-te contar a razão!

Caminhei todos os dias

Procurando um coração.

E na ânsia desmedida

Dum coração encontrar,

Arrisquei a própria vida

E decidi então roubar.

Numa noite, já sem sono

Saí pra rua, fui roubar,

Roubei coração com dono

E eu à prisão fui parar.

Foram dias, foram meses

Naquela cela fechada,

Eu confesso que às vezes

Até já não sentia nada.

Mas hoje já estou fora

Deram-me absolvição,

E disseram; sais agora

Mas deixas cá teu coração.

E aqui estou, assim oca

Com o meu peito vazio,

Sou a tua Biazocas

Mas agora… nem um pio.

Maria Custódia Pereira