Mal-amada

Não me diga por onde ando,

Perdida sei que estou,

Então deixe-me na minha loucura,

Viver com o que restou.

Mal-amada sigo a procura,

Em todos os caminhos que passei,

Buscando pedaços de mim,

Para salvar o pouco que sei.

Gritos ecoam no meu peito,

A revolta de quem não entende o mundo,

De quem descrente vê a humanidade estéril

Mergulhada num desespero profundo.

Não sou diferente dos outros,

Talvez um pouco mais crente na insanidade

Porém registro os meus passos,

Sempre revestidos de realidade.

Quanto me permito sonhar,

Cobro caro esse momento de desatino

Pois sei que a vida não deixa barato

E marca o nosso destino.

Ah terrível amargura!

Quão destruidora mostra ser!

Acabou com toda minha ternura,

Deixando-me nos braços da loucura esmorecer...