Monstro Interior
Há um monstro em cada um de nós
Dividido em vários pedaços
Ansiando por uma breve luz
Por uma breve migalha de amor
Ainda que seja um distante reflexo
De uma estrela já morta
Que talvez seja tudo
Ou nada, mas que o coração conforta...
Há um monstro por trás de cada sorriso
Algo oculto no necrosado coração
Uma fera, um fantasma indeciso
Assombrando a vida sem emoção
Sim, há violência primal em cada gesto
Segundas intenções irreparáveis
Condenação que emana das mãos de Hefesto
Escuridões eternas e insondáveis...
Há um monstro em cada benevolência
Em cada mão estendida uma iniquidade
Egoísmo disfarçado de decência
Caridade envolta nas brumas da maldade
Simplesmente, há algo animalesco
Algo que domina o ser repentinamente
Ainda que digamos que com deus temos parentesco
Somos apenas monstros internamente
Há um monstro alojado em nossa alma
Que anseia por redenção e luz
Ainda que seja algo efêmero, desejamos
Sair da escuridão, estilhaçar dogmas
Romper com a fragmentação insana
Que emana da nossa mente
E quem sabe brevemente
Não sermos deuses, apenas mais honestos...
Lembrando de Mary Shelley, lembrei-me do monstro que há em nós...