TWIN PEAKS

Quando foi que o seu dia

Cheio de luz virou noite?

Tudo bem!

Não precisa pensar nisso agora,

Amanhã o pó da estrada

Vai entrar em suas narinas

E o vento de Morpheus

Soprará sobre ti...

Mas tudo isso,

Tudo isso é apenas um sonho

Um devaneio futurista do passado

Que todos desejamos sem querer

E vai varrendo sua memória

Acorda durante a noite

Com ele sobre você

Você debaixo dele

Sendo estranho

Mas bem conhecido

Bem dentro

Queimando em sua lembrança

Pois ele te gera,

Cria-te...

Te alimenta

E deposita a semente do asco

Dentro do seu coração

Enquanto a porta se abre

E se fecha diante do futuro

Do seu futuro

Da sua criança corrompida

Mas a noite veio

Seu dia iluminado está nas sombras

Não o evite,

Tenha-o sobre ti...

Sobre seus desejos mais devassos

Não!

Nada imoral baby...

Nada fatal ou profundo

Mas penetra e altera seu fluxo

Descontinuando a maré que avança

Percorrendo desvios de inverdades

De cortes e marcas profundas

Insano e apaixonante

Luxuria!

Sim, desejo...

Ele sobre você,

Você abaixo dele

Mais uma vez criando o inevitável

Gerando o mal amado

Que titubeia em suas mãos

Como uma droga branca

Diferente e que te transpassa

Fria como um sonho que verte

Que deságua em seus medos

Sem remorsos...

Vem,

Entregue-se...

Sinta o pico da angústia

Desgostosa da ausência de frio

Da carência de calor

E depois me diga...

Por que o seu dia

Brilhante calou-se na escuridão?

Quem assistiu ao seriado Twin Peaks talvez entenda, pois não estou fazendo apologia a nada.

Paulo Raven
Enviado por Paulo Raven em 21/10/2019
Reeditado em 13/06/2020
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