TWIN PEAKS
Quando foi que o seu dia
Cheio de luz virou noite?
Tudo bem!
Não precisa pensar nisso agora,
Amanhã o pó da estrada
Vai entrar em suas narinas
E o vento de Morpheus
Soprará sobre ti...
Mas tudo isso,
Tudo isso é apenas um sonho
Um devaneio futurista do passado
Que todos desejamos sem querer
E vai varrendo sua memória
Acorda durante a noite
Com ele sobre você
Você debaixo dele
Sendo estranho
Mas bem conhecido
Bem dentro
Queimando em sua lembrança
Pois ele te gera,
Cria-te...
Te alimenta
E deposita a semente do asco
Dentro do seu coração
Enquanto a porta se abre
E se fecha diante do futuro
Do seu futuro
Da sua criança corrompida
Mas a noite veio
Seu dia iluminado está nas sombras
Não o evite,
Tenha-o sobre ti...
Sobre seus desejos mais devassos
Não!
Nada imoral baby...
Nada fatal ou profundo
Mas penetra e altera seu fluxo
Descontinuando a maré que avança
Percorrendo desvios de inverdades
De cortes e marcas profundas
Insano e apaixonante
Luxuria!
Sim, desejo...
Ele sobre você,
Você abaixo dele
Mais uma vez criando o inevitável
Gerando o mal amado
Que titubeia em suas mãos
Como uma droga branca
Diferente e que te transpassa
Fria como um sonho que verte
Que deságua em seus medos
Sem remorsos...
Vem,
Entregue-se...
Sinta o pico da angústia
Desgostosa da ausência de frio
Da carência de calor
E depois me diga...
Por que o seu dia
Brilhante calou-se na escuridão?
Quem assistiu ao seriado Twin Peaks talvez entenda, pois não estou fazendo apologia a nada.