Indócil

Nesses dias que perdi a "sanidade"

Fui mais eu, sendo menos sóbrio

Não por um capricho humano

Mas pela simples vontade

Pelo simples desejo de ser mais eu

E no apogeu de meias verdades

Gritei contra tudo que me freava

Libertando a grosso modo

A alma que silenciosamente agonizava

E do alto das torres de marfim

Uma multidão de intelectos acusava

Dedos em riste apontavam

Como se o mundo estivesse certo

E se antes modesto esse louco calava

Agora mando as favas a razão

Pois o coração desconhece migalhas

Quer tudo mesmo que não receba nada

E essa razão as vezes bastarda

Não será agora páreo para a loucura

Nada posso contra todas as certezas

Só que a liberdade é um gesto de loucura

Na visão da sociedade temerária

Ser louco é ser pouco no mundo

Mas ser pouco é tudo que preciso

Menos indeciso liberto-me da sanidade

E quem me acusa sem razão

Disfarça sua arbitrariedade

Quem acusa é o verdadeiro escravizado

É o verdadeiro cego que vive em servidão

Já no meu louco coração

Viver muito não é necessário

Mas acrescentar muita vida aos anos

É o plano contra todos os imbecis

Que acrescentam muitos anos a vida

Paulo Raven
Enviado por Paulo Raven em 01/08/2020
Reeditado em 01/08/2020
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