Indócil
Nesses dias que perdi a "sanidade"
Fui mais eu, sendo menos sóbrio
Não por um capricho humano
Mas pela simples vontade
Pelo simples desejo de ser mais eu
E no apogeu de meias verdades
Gritei contra tudo que me freava
Libertando a grosso modo
A alma que silenciosamente agonizava
E do alto das torres de marfim
Uma multidão de intelectos acusava
Dedos em riste apontavam
Como se o mundo estivesse certo
E se antes modesto esse louco calava
Agora mando as favas a razão
Pois o coração desconhece migalhas
Quer tudo mesmo que não receba nada
E essa razão as vezes bastarda
Não será agora páreo para a loucura
Nada posso contra todas as certezas
Só que a liberdade é um gesto de loucura
Na visão da sociedade temerária
Ser louco é ser pouco no mundo
Mas ser pouco é tudo que preciso
Menos indeciso liberto-me da sanidade
E quem me acusa sem razão
Disfarça sua arbitrariedade
Quem acusa é o verdadeiro escravizado
É o verdadeiro cego que vive em servidão
Já no meu louco coração
Viver muito não é necessário
Mas acrescentar muita vida aos anos
É o plano contra todos os imbecis
Que acrescentam muitos anos a vida