Desconforto
Sem palavras e sem inspiração
Como um lago seco e gelado
Deito-me no desconforto do chão
Pois a cama me arrebata, me consome
Quando percebo tudo dorme
Então busco o desconforto
Provoco meus ossos com o chão frio
Mantenho-me desperto
De certo, não dormirei
Mas sonharei acordado
E ao longe escuto um triste fado
Cantado com sentimento e emoção
Conheço a música que chama minha atenção
É da famosa Madredeus de Portugal
De nome Adeus... e nem voltei
E eu nem sei se também voltarei
Mas o desconforto que dou ao meu corpo
Não consegue calar o meu coração
Turbulentos sentimentos silenciam
A verdade como se ela fosse uma conspiração
Sem palavras e inspiração
Deitado no chão do quarto abraço a escuridão
Na verdade, sou envolto por ela
A Escuridão é palpável
É intensa e quer me consumir
Internamente agitado
Desconfortável em cada linha
Essa dor que é só minha
Me alucina e expulsa a razão
A lógica é inútil contra os sentimentos
Nenhuma razão pode convencer a maioria
Mas neste dia, prefiro ser silêncio
Apesar da tempestade que por dentro me consome
Percebo que quando passei fome, era mais feliz
As coisas eram mais simples
Eram mais reais e satisfatórias
E agora ao rever minhas memórias
Morro de ciúmes do faquir
Pois mesmo deitado em sua cama de pregos
Encontra harmonia e controle da mente
E eu de repente volto a escutar o fado
No chão desconfortável e calado
Esqueço que faltam palavras e inspiração
Por alguma razão mergulho na metafisica
E faço as pazes com a minha loucura
Que a essa altura, já sobrepujou a razão
Ouvindo Adeus... e nem voltei da Madredeus