Desconforto

Sem palavras e sem inspiração

Como um lago seco e gelado

Deito-me no desconforto do chão

Pois a cama me arrebata, me consome

Quando percebo tudo dorme

Então busco o desconforto

Provoco meus ossos com o chão frio

Mantenho-me desperto

De certo, não dormirei

Mas sonharei acordado

E ao longe escuto um triste fado

Cantado com sentimento e emoção

Conheço a música que chama minha atenção

É da famosa Madredeus de Portugal

De nome Adeus... e nem voltei

E eu nem sei se também voltarei

Mas o desconforto que dou ao meu corpo

Não consegue calar o meu coração

Turbulentos sentimentos silenciam

A verdade como se ela fosse uma conspiração

Sem palavras e inspiração

Deitado no chão do quarto abraço a escuridão

Na verdade, sou envolto por ela

A Escuridão é palpável

É intensa e quer me consumir

Internamente agitado

Desconfortável em cada linha

Essa dor que é só minha

Me alucina e expulsa a razão

A lógica é inútil contra os sentimentos

Nenhuma razão pode convencer a maioria

Mas neste dia, prefiro ser silêncio

Apesar da tempestade que por dentro me consome

Percebo que quando passei fome, era mais feliz

As coisas eram mais simples

Eram mais reais e satisfatórias

E agora ao rever minhas memórias

Morro de ciúmes do faquir

Pois mesmo deitado em sua cama de pregos

Encontra harmonia e controle da mente

E eu de repente volto a escutar o fado

No chão desconfortável e calado

Esqueço que faltam palavras e inspiração

Por alguma razão mergulho na metafisica

E faço as pazes com a minha loucura

Que a essa altura, já sobrepujou a razão

Ouvindo Adeus... e nem voltei da Madredeus

Paulo Raven
Enviado por Paulo Raven em 08/02/2021
Reeditado em 08/02/2021
Código do texto: T7179726
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