O caralho

Vou para o caralho

Lá no mastro mais alto

Onde está meu castigo

O único abrigo

Para as almas incautas

Vou para o caralho

Onde pago os pecados

Com o lombo na canga

Nesse mar que balança

E me derrama os cacos

Vou para o caralho

No frio da gávea

Onde dorme o escárnio

E se vê a pilhagem

Vou vomitar minhas carnes

Vou para o caralho

Só a náusea me resta

E não me cessa a pressa

De desertar desse caos

E descalçar meus farrapos

Fui mandado ao caralho

Virado ao avesso

Sem direito à defesa

Nem rosário ou terço

Com o fel dos meus erros.

Fábio Pirajá
Enviado por Fábio Pirajá em 18/03/2008
Código do texto: T906624