Permita-me
Permita-me morrer
Pois eu que não subestimo nada
Ou nenhuma crença
Não encontro fé em mim
Sendo assim, que assim seja
Que nenhum deus me proteja
Nessa minha finita jornada...
Se depois de tantos anos
Infinitos desenganos me assombram
E nada pode me surpreender
Por que haveria eu algo banal aceitar
E de joelhos continuar a viver?
Sim, permita-me morrer
Permita-me perecer sufocado
Sobrecarregado pelo nada que sei
E quem sabe pelo pouco que eu quis saber
Peço-te, imploro-te
Permita que eu parta
Que eu desapareça sem deixar vestígios
Pois meu único litígio
Foi divergir do que é a vida
Para muitos um beco sem saída
Mas para mim
Ah... para mim apenas um breve respiro
Um acaso estranho sem explicação
Onde nenhum senso comum
Pode explicar sua complexidade
Se esse querer morrer é uma maldade
Digo que não me falta coragem
Para abrir mão da vida
Sem esperar por outra saída
Não espero que a hipocrisia venha me socorrer
Então querida, permita
Deixe que eu morra
E que nenhuma musa me socorra
Pois do amor, não espero perdão