Permita-me

Permita-me morrer

Pois eu que não subestimo nada

Ou nenhuma crença

Não encontro fé em mim

Sendo assim, que assim seja

Que nenhum deus me proteja

Nessa minha finita jornada...

Se depois de tantos anos

Infinitos desenganos me assombram

E nada pode me surpreender

Por que haveria eu algo banal aceitar

E de joelhos continuar a viver?

Sim, permita-me morrer

Permita-me perecer sufocado

Sobrecarregado pelo nada que sei

E quem sabe pelo pouco que eu quis saber

Peço-te, imploro-te

Permita que eu parta

Que eu desapareça sem deixar vestígios

Pois meu único litígio

Foi divergir do que é a vida

Para muitos um beco sem saída

Mas para mim

Ah... para mim apenas um breve respiro

Um acaso estranho sem explicação

Onde nenhum senso comum

Pode explicar sua complexidade

Se esse querer morrer é uma maldade

Digo que não me falta coragem

Para abrir mão da vida

Sem esperar por outra saída

Não espero que a hipocrisia venha me socorrer

Então querida, permita

Deixe que eu morra

E que nenhuma musa me socorra

Pois do amor, não espero perdão

Paulo Raven
Enviado por Paulo Raven em 20/03/2019
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