A sorte que a morte me traz

A sorte que a morte me traz é que tudo tem um fim

O amor que não satisfaz e a bebida do botequim

O fel amargo que assassina de maldito e de ruim

E os sentimentos flutuantes que saltitam num trampolim.

A sorte que a morte me traz é uma doce anomalia

Transmuto essa maldição com os poderes da alquimia

Voo em seu céu com sorrisos de alegria

E me atiro em queda livre numa suave acrobacia.

A sorte que a morte me traz é um fervoroso mistério

Que seguirá adiante além do necrotério

A morte é universal e não estipula critério

É saudade que aqui fica depois do revertério.

A sorte que a morte me traz é um reconfortante abraço

Depois de tanto sofrimento é um acalento no cansaço

Será que ficarei vagando no espaço?

Será que serei música em eterno descompasso?

Eis a sorte que a morte me traz

O sofrimento de uma vida se torna fugaz

Mesmo a dor mais atroz e mais mordaz

Não é mais forte que a sorte que a morte me traz.

Gabriel Cordeiro Machado
Enviado por Gabriel Cordeiro Machado em 19/02/2020
Reeditado em 10/08/2021
Código do texto: T6869739
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