O Viúvo Bêbado

Caro coveiro, desinterre a minha Estrela!

A minha Estrela que foi ontem sepultada!

Ó por favor! A desinterre eu quero vê -la

Quero beijar a palidez da minha amada!

Embriaguei-me! Eu não quiz desmerecê-la!

A ebriez me desmaiou sobre a calçada

Se eu pudesse, se eu pudesse revivê-la

Daria a alma na escurez da encruzilhada!

Abre essa cova, meu amigo carniceiro

Eu necessito vislumbrar a face dela!

A ebriez me fez dormir o dia inteiro ,

Não pude ir ao funeral de minha Bela!

Bradava o homem claramente embriagado!

E aos soluços os cabelos arrancando ,

Aos pés da cova qual um endemoniado

Tirando as vestes, na poeira chafurdando!

Caro coveiro; Essa mulher é uma Santa

E nesta hora deve estar aos pés de Deus

Lavava a roupa, preparava minha janta

E eu não pude ofertar -lhe o meu adeus!

Por todo bairro alastrou-se a notícia...

A multidão se aglomerou no cemitério!

E o coveiro com um riso assaz funéreo

Só aguardava a presença da Polícia!

Moreira Júnior
Enviado por Moreira Júnior em 23/01/2023
Reeditado em 24/01/2023
Código do texto: T7702530
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