CREIO!
Creio somente no que existe,
no que foi feito ou já desfeito;
nunca no sujeito que insiste
em ser matreiro e suspeito...
Creio no sentimento humano
que faz da paz sua bandeira;
nunca nos gestos e no engano
de uma mentira mensageira...
Creio no homem verdadeiro
que vive na consciência pura;
nunca nas falas de um rateiro
tão longe dos tons da ternura...
Creio no espírito que exorta
as almas brancas, inocentes;
nunca naqueles que, à porta,
jogam esmolas insolentes...
Creio no meu sonhar fecundo,
mundo que sonho esperança;
nunca naqueles que, no mundo,
sonham co'a fome da criança...
Creio na chuva sobre o mar,
gotas que no sal choram mágoas;
nunca nas marcas de um vogar
que não soube o sabor das águas...
Creio no que sei, arcabouço
de que se servem os honestos
nunca só no que leio e ouço...
(de razões armam-se os funestos).
Creio na paz, porque é luz
que brilha mais que um astro;
nunca na guerra, pois que cruz
onde se apagam justos rastros...
Creio no belo, na poesia
que nasce do todo eterno;
nunca na frase dura, fria,
que mata e de si faz inferno...
Creio na estrela de Belém
que desceu do céu, se fez homem;
nunca em quem nos faz refém
das falsas luzes que consomem!
lizeteabrahao@terra.com.br