Morrendo para Viver

No silêncio da madrugada,

Tento minha alma ouvir...

E temo que a inspiração,

Por algum motivo quis partir!

As emoções em mim estão mais intensas,

E nos pensamentos mais convicção...

Mas não fluem mais as imensas,

Confissões do coração!

Isso se deve a visita inesperada,

De uma Dama de negro vestida...

Nenhum aviso de sua chegada,

Nenhuma oportunidade de despedida!

Quando a vi em minha frente,

Meu corpo até a alma tremeu...

Sua presença paralisa a mente,

Meu olhar... De repente... Se perdeu!

Temi que a Dama de Negro me roubasse,

Arrebatasse-me deste rio em que navego...

Temi que minha alma ela calasse...

Senti muito medo, não nego!

Sem convite... Invasora,

Não foi a mim que ela roubou...

Mas assisti a cena atormentadora,

Com sua foice o fio cortou!

Desde então eu não consigo,

Minhas singelas linhas cantar...

A morte esteve comigo,

E só nela ando a pensar!

Oh, Dama porque será,

Que sua presença atormenta?

É inevitável... Você virá!

Mas meu coração não agüenta!

Quantas vezes você surgiu,

Inesperada a me levar?

Quantas vezes meu corpo sucumbiu?

Você sempre vem me buscar!

Eu cantava com alegria a vida,

A força para viver!

Declamava o que a alma queria,

Tantas coisas ela me fez dizer...

Mas relembro cada vez que surgiu,

Quantas vezes interrompida...

Várias vezes meu corpo caiu...

Várias vezes tirou minha vida!

Mas a Dama de negro impiedosa...

Calou meu coração!

Pego-me refletindo temerosa,

O que é morte e vida então?

Os meus versos falam de vida,

Ou da morte que pensa viver?

Então ouço a alma querida:

-A vida é morte, morrer é nascer!

São Paulo, 23 de maio de 2008.

Guardiã da Ventura- Shimada Coelho

Shimada Coelho A Alma Nua
Enviado por Shimada Coelho A Alma Nua em 23/05/2008
Reeditado em 18/08/2021
Código do texto: T1002271
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