EU E O VENTO

Alguém pode me ajudar?

Alguém pode me escutar?

Alguém pode me dizer o que há?

Há no ar algo de misterioso e sério.

Não é tempo de brincar,

Nem muito menos arriscar.

- Psiu! Silêncio!

O dia passou indolente,

A noite chegou indiferente,

Não há estrela e nem luar.

E, o vento sempre num lamento,

Querendo uma história me contar.

Não quero saber e ele insiste,

Persiste e não desiste.

Como se dissesse:

Ah, você vai me escutar!

E começa a sussurrar,

Que está cansado de ventar

Ao ermo e sem direção.

Por vezes causando estragos,

Por vezes não.

Pergunta-me de onde vem,

Para onde vai,

E se for para voltar,

Qual seria seu lugar?

Sentindo sua solidão e seu desespero,

Resolvo lhe ajudar:

Abro mais minha janela,

E o convido a entrar.

Sensibilizado e surpreso,

Não se faz de rogado e resolve aceitar.

E, em agradecimento ao meu aconchego,

Ele me traz de presente o cheiro do mar.