O MUNDO ESTRANHA SINCERIDADE

O mundo me estranha

E eu mais ainda

Daí me aquieto no meu canto

Donde observo os políticos se vendendo

Observo que quanto mais têm mais lhes vêem a iniqüidade

O dinheiro é uma maldade sem face

Uma falsidade abstrata

Que mata

Cada vez mais estranha é a sinceridade

Sinto-me no fio da navalha

Em plena fragilidade

Em frrangalhos

Como se fosse Brecht

Sei que o mercado é de mentirosos

Mas vou lá e também monto a minha banca

E o que vendo? Palavras...

Como ser diferente

Se tenho só um remo e um oceano à frente

E tempestades para aplacar?

Colocar todas as águas em um lago sereno e tarefa hercúlea

Que se paga com vida

Com sangue e suor todo dia

Daí todo mundo estranha meus danos

Minha magreza

A aspereza das palavras

E o silêncio...

Quando ficou em parafuso

Confuso

Não correspondo ao que se deseja

Contradigo os ditados populares

Me calo mas não concordo.

Como ser diferente e concordante nesse tempo, nessa tempestade?

Se ser preciso o tempo é um risco

É isso o que corro. Perigo.

Tenho a palavra chave. Coragem.

Mesmo assim tento domar trovões

Como se regesse uma sinfonia

Maestria no impossível

Milagres como regra, isso é difícil

Não presta

Mas acontece e ninguém vê. Resisto.

Eu tenho a chave mas porta não abre

Deixa-me só à porta

Ao relento

O mundo se fecha

Tudo fira um funil

O rio seca

E eu fico quieto. Espero o amanhã

Oásis - quem sabe.

Por hora tudo é deserto e o amanhã é só uma possibilidade extrema.