A beira das palavras
Estou a beira da estrada dos sentidos;
Querendo me lançar ao mar de letras;
Sonhando acordar deste desterro;
Tão vulgar e tão mesquinho que me ponho;
Com medo de ser guiado não sei pra onde;
Com medo do retroceder gritante;
Que todos pregam por ser nova cultura.
Estou a margem do horizonte das palavras;
Querendo ser marcado a nua pele;
Afoito deste isolar cercado;
Tão massante e vendidamente sujo;
Com dores pela ausência do poder;
Contrito pelo não poder fazer;
A parte que me cabe tão somente
Estou acima de mim e dentro e ti agora;
Podes me deixar partir com elas?
Preocupa-te comigo sem sentido;
Bem estarei com elas, soberano;
Aonde nunca soube e talves não saiba;
Pra onde leva a estrada dos sentidos;
Pra onde guiam horizontes das palavras?
Só sei quero e vou chegar a algum lugar.