Sem futuro
Se aquilo que um dia escrevi
Fosse um dia por mim lido
Estranharia aquilo que vi;
Ler-me é só tempo perdido.
Como todos, não me conheço.
Não sou mais nem menos que nada.
Não sou aquilo que pareço,
Sou uma barcaça abandonada
Que navega no oceano sem saída
Procura um porto, uma estrada
Que me conduza pela vida...
Faço versos que são remos,
É a rima que os faz remar!
E nos que escrevo, lá me escondo
Se a tempestade ameaçar.
Navego ao sabor das ondas.
Não tenho rumo ou futuro
E se me conheço bem,
Vou deixar esta vida a meio
Porque nunca estou satisfeito
Mesmo que tudo esteja perfeito,
E nunca nada está acabado
Se não ficar do meu agrado.