REFLEXÃO DE UMA GARÇA

De: Ysolda Cabral

 

 

 

 

Lindas, brancas e conformadas,

Lá estavam as Garças nas árvores.

Em bucólico abandono, apenas pousadas,

Com aparência debilitada e esfomeada.

 

Fiquei a refletir, como se Garça fosse:

Porque estou aqui junto aos meus pares,

A beira de um rio quase morto,

Quando posso alcançar outros mares?

 

O cansaço me abate, é verdade!

Mas não me impede de voar,

Ir para onde a maldade humana,

Não maltrate tanto a Mãe Natureza.

 

Olho para baixo e vejo um peixe,

Nadando na água fétida e suja.

E, além da fome,

Sinto-me triste e nula.

 

Penso em pescá-lo,

Não para comer, claro!

Para levá-lo a um lugar mais brando...

 

Entretanto, se durante o vôo ele morrer?

O engolir seria um verdadeiro sacrilégio...

Porém se assim não proceder,

Também vou morrer e isto é certo.

 

Ai, meu Deus!
O que devo fazer?