= No silêncio da alma =

No entardecer da vida,

Minha alma fez silêncio.

Observadora e quieta,

Tornou-se em uma pequena passarela.

Ali, desfilaram os dias passados.

Aqueles que eu os fiz... amargos.

Todos vestidos de dourado,

Exuberantes como reis falidos

Sem lágrimas ou sofrimentos,

Agora esquecidos.

Os dias que os fiz... ressentido.

Com suas alegorias prateadas

Reluzentes, e agora, de brilhos opacos,

Sem valor, sem sentido,

Dias perdidos.

Os dias que eu os fiz... excessivamente vaidosos.

Com plumas e paetês

Agora, pés descalços.

Sem crença, sem glamour,

Quase imperceptíveis.

De cabeças baixas.

Não deixou saudade.

Os dias que os fiz... egoista.

Nossa...

A passarela ficou deserta

Em silêncio, ao fundo,

Apenas uma macha fúnebre

Luz tímida o ornamenta.

Os dias que eu os fiz... humilde e amoroso.

Estes não desfilaram

Estavam de mãos dadas com a felicidade

Repudiando aquela horrível parada.

Aplaudiram de pé, os dias mudados.

Antônio Tavares

ANTÔNIO TAVARES
Enviado por ANTÔNIO TAVARES em 31/05/2012
Reeditado em 10/09/2012
Código do texto: T3697449
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