Ontem, Hoje, Amanhã - apenas um olhar sobre o Tempo

“Vive, dizes, no presente, vive só no presente.

Mas eu não quero o presente, quero a realidade;

Quero as cousas que existem, não o tempo que as mede.”

In Poemas inconjuntos (Alberto Caeiro)

* * *

Demasiadas vezes o Presente

Me soa a presente envenenado.

Digo isto por que, em boa verdade,

O Presente está sempre presente na nossa vida.

E mesmo quando flutuamos no Passado nostálgico

Ou saudamos sonhadoramente o Futuro,

Lá está o Presente como um ponto de referência.

Sempre que me tento acalentar com as memórias do Passado,

Encontro esse descabido Presente a castigar-me a consciência.

Mas para quê Santo Deus?!...

Eu bem sei que poderia ter agido de outra maneira!

As coisas podiam ser sempre diferentes –

Existem os erros e os acertos, e infinitos caminhos, mas quem sabe

Se não acabam por conduzir todos ao mesmo destino?!...

E quanto ao Futuro?!...

Ouvimos dizer: Que importa traçar mil e um planos

Se a vida parece ter sempre outros na manga?!...

Mas quem não esboça plano algum, vagueia apenas

Num oceano sem ondulação, nem esperança –

Sem esperança, ninguém consegue sequer sonhar

E sem sonhos a vida nem sequer é Vida.

Caramba, Tempo!...

Quanta intromissão na vida de cada ser humano.

Mas claro, eu devo falar apenas por mim –

Além do mais não vejo assim tanta gente incomodada

Com a tua influencia na caminhada de cada um.

Quem sabe, talvez existam pessoas acomodadas

Que vivem apenas para o instante e para o momento.

Deve ter sido por elas que alguém criou o adágio popular:

Amanhã, Deus dará pão.

Mas qual quê?!...

A maioria das pessoas acredita apenas nelas próprias!

Ninguém é coroado para ser rei do seu umbigo.

Ah, o hoje e o agora, andam a iludir o mundo real.

O tempo foi, é e será sempre o maior embaraço da humanidade

E acaba por ser a medida de todos planos traçados e por traçar.

O comodismo e conformismo são os filhos bastardos do tempo

E corroem os mais indomáveis rochedos humanos.

Custa-me a acreditar em pessoas que constantemente invoquem o Amanhã.

Não apenas por que o dia de amanhã ainda ninguém o viu,

Mas também por ser a palavra de reverência dos ociosos desta vida.

Além do mais, foi também a sabedoria popular que declarou a sentença:

A preguiça é a mãe da fome!

05.11.2012, Henricabilio como ValTer Ego

HENRICABILIO
Enviado por HENRICABILIO em 22/01/2013
Código do texto: T4099083
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