Habitas em mim

Habitas em mim, como meu inverso.

No avesso à minha racionalidade,

onde a emoção que de ti aflora,

e que implora por meus gestos,

nada mais é que a sombra dos meus desejos,

percebidos nos suores de minha pele,

nos espasmos de meu ventre,

nos sussurros atrevidos presos em meus lábios.

Habitas em mim como a relva nos campos,

e recobre-me com teu manto acetinado,

com a vivacidade das manhãs,

e assim, confundem-se nossas carnes,

e no desapego da matéria,

faço do teu corpo um invólucro de mim...

Habitas-me, e faz-se senhor dos meus silêncios.

Horizonte onde repouso meus olhares,

como vértice dos sonhos que aponto para o céu.

E de ti brotaram e em mim fincaram,

as raízes dos teus sentimentos,

que se expressam livres como as forças da natureza...

Assim és meu bicho, meu astro,

meu mar e a rosa mais perfeita,

e em mim habitas,

sem de mim fazer-me prisioneira,

mantendo-me liberta como brisa e ventania,

protegendo-me como um anjo posto sobre minha alma,

permitindo-me flutuar entre todas as grandezas,

para então reconhecer-me e reconhecer-te,

como o todo e infinito que é o amor...

Day Moraes
Enviado por Day Moraes em 10/10/2005
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