Erudita V

Arrisco-me,

a uma longa caminhada.

Minhas pernas trêmulas,

repiração ofegante,

sensação devastadora,

e alienante...

Disperso-me,

em insensatos pensamentos,

mas me abrange a cena,

do recitar de um monólogo,

cujo único tema, a ti,

refere-se.

Ao longe,

o ostentatório Templo,

Católico Apostólico,

exibia seu contraste,

com os casebres,

dos seus servos...

Atraía-me,

aquela mística arquitetura,

onde sinos crepitantes,

badalavam,

meus pecados...

Pensar em ti,

naquele instante,

dava-me a sensação,

angustiante,

de viver um sacrilégio...

Sigo,

passos firmemente,

rumo ao firmamento...

Entro,

em seu interior vazio,

e incômodo silêncio...

Fico,

sob o olhar constante,

de um olho distante...

Sento,

em solitário banco,

bem aos pés do altar...

Vejo,

o Pároco grisalho,

e temo, confessar...

Saio,

sem dizer palavra,

e sem prece, rezar...

Penso,

e este pensamento,

é a minha confissão...

Se Deus é o Amor,

por que o Homem,

não?

Day Moraes
Enviado por Day Moraes em 10/10/2005
Código do texto: T58447