Palavras soltas...

Distraída frente a tela,

minhas mãos sobre o teclado,

pelas frestas da janela,

sei que é dia, em meu reinado.

Foi-se a noite e um palpite,

forte em mim se fixou:

Que escrever é meu limite,

quando o mais, silenciou.

Não há voz me seduzindo,

nem há mãos tangendo curvas.

Há um frio resumindo,

muito medo e tantas culpas.

Neste espaço de incerteza,

toda forma é inanimada.

Só restando esta tristeza,

habitando a madrugada...

Vãs palavras libertando,

soltas ao sabor do vento,

e aos sonhos vislumbrando,

por clarões de pensamento...

E palavras rabisquei,

para o vento conduzir,

uma a uma enderecei,

ao infinito que existir...

E se o vento desprezar,

o que eu não soube dizer,

só me resta lamentar,

e na noite, me esquecer...

Day Moraes
Enviado por Day Moraes em 24/10/2005
Código do texto: T63131