A Formiga Que Me Ensinou

Algo me chamou a atenção na parede

em frente, onde acabara de me sentar.

Alguma coisa se movia.

Subia até certa altura da parede e

caia novamente.

Um vulto dançante.

Coloquei os óculos.

Aproximei-me. Vi. Sorri.

Era apenas uma formiga que tentava chegar

ao ponto mais alto da parede

com um pedaço de folha

dez vezes maior que ela.

Quantas tentativas! Quantas quedas!

Quantos recomeços! Mais uma queda...

E lá vai ela de novo...

Você quer sofrer? Perguntei.

Fique aí. (Com ironia).

Vou ler meu jornal.

Absorto, concentrei-me no periódico.

O tempo (?) passou.

Esqueci-me da tal formiga.

De relance olhei para a parede.

A folha, antes, bamboleante,

Movia-se firme no ponto mais alto da parede

Como? Não é possível?

Aproximei-me e me envergonhei.

Não era mais uma formiga,

Mas uma dezena delas.

Cada uma numa posição estratégica.

E a folha subia, subia, subia...

A primeira formiga parecia me dizer:

Só... tentamos.

Só... caímos.

Só... recomeçamos sempre.

Só... ferimos-nos a cada queda.

Só... os fardos são pesadíssimos.

Só... a distância se alonga... e nos cansamos mais.

Juntos... subimos, subimos, subimos...

Surpreendemos as pessoas.

Um provérbio subiu à minha mente:

As formigas são um povo impotente;

Todavia no verão preparam a sua comida (Pv. 30:25).

Saí dali como estivesse saindo

de uma grande sala de aula.

E eu... tão pequeno.