O Silêncio
O silêncio que explode a minha volta
É ensurdecedor, é intenso e amargo
Por horas tento escutar, ouvir...
Mas a praga da Solidão traz consigo o nada
E esse nada, escorre pela minha boca
Desaguando na vastidão efêmera da vida
Eu penso, sim eu penso e tento buscar um eco
Um retorno para tudo que sinto
Mas no fundo, não sinto nada...
Esfrego minhas mãos geladas
A vida escapa pelos meus poros
E em silêncio eu choro e tudo flui
O ar rodopia a minha volta
O fogo consome minhas memórias
Enquanto sinto o poder da inexistência
Quem me dera não ter nascido
Não ter sentido o universo desabando
E ao cair, soterra-me em incertezas
O silêncio apunha-la, ri dos sussurros
Assim, não ouso gritar ou reagir
Acompanho seu caminho
E a surdez que me traz esse deserto
Permite que eu caminhe sobre areias escaldantes
Mas preciso escutar o que falo
Quando na verdade, só posso ouvir o que sinto
Minha voz é inútil em um mundo de surdos
E temo também estar surdo
Pois nem o amor ouço ser cantado
Haviam várias canções, vários amores
Mas a morte do materialismo sufoca
Faz o amor vítima do silêncio
E o silêncio, é concepção da solidão
Interligados?
Não! Estamos separados
Surdos para a realidade que grita
E o mundo que se diz globalizado
Se sustenta apenas pelo consumo
A Morte sorri, pois vendemos sonhos
Sonhos que privilegiam o gozo imediato
Não estamos mais habituados as coisas duradouras
Queremos o prazer intenso e efêmero
E no final o silêncio nos abate
Nos faz ver o vazio de nossas escolhas
E a Morte, sem disfarce, ceifa milhões
Confunde com ilusões abstratas
Enquanto o silêncio me devora
Muitos já pararam de sentir...
Ouvindo The Sound Of Silence versão da banda Disturbed