AUTO CUIDADO POR INTEIRO

O amor não deixa

Sensação de vazio,

Como diz

A poeta Renna:

“E Isso não é amor”?

“Ou tá mais para uma prisão.”

E por isso

Que meu coração pensa

Que essa tal paixão:

Que vende chocolate,

Perfume,

Flores,

Diárias de hotel.

É o capitalismo mais uma vez,

Ensinando-nos a sofrer,

E que isso é o melhor que podemos fazer.

A traição trás sensação de abandono,

A separação:

A confirmação,

Não percebe que é tudo um jogo.

Uma seleção "natural" do capital,

Usam a igreja para casar

E o estado para formalizar.

É meio que a mistura de inquisição

Com a ditadura militar.

O afeto não tem definição,

Ao contrário dessa falsa sensação,

Que é o desejo de possuir bens materiais.

O amor monetário,

Torna-te um milionário em decepção.

Cria a doença para vim com a cura,

Estrangula-te

E faz o senso comum te taxar de “otário”!

O afeto entre corpos iguais,

O afeto de almas que vieram em corpos errados.

Não é interessante para o sistema,

Ao menos,

Que esses corpos

Tenham uma boa quantia para consumir.

Enquanto vidas livres continuam a sucumbir.

E se você quer sumir,

É um ingrato,

Eu devo ser grato?

Eu prefiro buscar

O autocuidado por inteiro,

Que a Renna colocou na mesma poesia.

Eu prefiro entender as rimas a agradecer,

A esse sistema que insiste em enaltecer:

O ciúme, a intolerância e o crime passional.

Para os programas policiais é lucrativo,

Ver corpos mutilados.

Por isso não curto essa programação.

Prefiro viajar na emoção de uma declamação,

Na poesia de Renna,

Por exemplo,

vi verdades que não acharia no

Sem meias palavras,

vi uma mulher trans

Falar de amor,

vi uma poeta

Dizer que temos que nós amar primeiro.

Isso eu não vejo em cultos

Ou em assembleia parlamentar,

Isso eu não vejo

No cidade alerta ou em qualquer outro lugar da mídia.

É mais fácil dominar

as pessoas pelo medo,

Do que ensinar pelo afeto.

Do que deixá-las saírem do sistema,

Pois o sistema só é grande devido

Aos indivíduos que ele aprisiona.