Revisitação
Por carlos sena 

 
De tempos em tempos surge em mim 
imenso desejo de me revisitar. 
Em me revisitando não
encontrei ninguém a me esperar...
Fazia tempos que eu não me via
nem me lia
nem comigo conversava. 
Entrei na casa do tempo e lá 
comigo ninguém estava. 
Diante de mim muitos rostos
e faces distorcidas.
Fases MINHAS ali estampadas e 
sofridas me jogavam no espelho e, 
de joelhos, eu dizia não.
Não me quero ver assim disperso,
não me quero ver assim no avesso
não me quero ver assim sendo de mim reverso. 
Dispersa é a solidão de quem se revisita,
mas sua razão é concreta. 
Perversa é a dúvida que no retorno invade. 
Amores findos invadindo a alma
e ardores tímidos correndo com medo da luz.
Encontrei muito do que sou 
e me perdi tanto sobre o que um dia fui.