Desencontros


Por que será que é preciso
 Sufocar o pulsar da alegria
 Aninhar-se na amarga dor
 Desligar-se da serenidade
Ocultar de vez a felicidade
Caminhar solitário nas ruas
Se perder como o sol da lua.


Por que será que é preciso
Sorver o fel das vãs palavras
Digerir a revelia os espinhos
Navegar no oceano incerto
De repente se ver solitário
Provar o horrendo calvário
Banhar o rosto de lágrimas.


Por que será que os poetas
Esquecem as portas abertas
De suas almas sonhadoras
Para  súbito  naufragarem 
Os seus  frágeis corações 
Transbordantes de amor
No escuro oceano da dor.


A busca se revela eterna
Os poetas jamais morrem
Ainda que provem a dor
Altivos acreditam na luz
A cintilar  na caminhada
Independente da agonia,
Do pranto ou da nostalgia.
Ana Stoppa
Enviado por Ana Stoppa em 16/03/2017
Código do texto: T5942751
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