Sangrias.série:Para não dizer que não falei dos espinhos

A moça,

Parada,

Na calçada.

Observava tudo que passava.

Sentada,

No banco da praça.

A nuvem anuncia,

Uma chuva que se aproxima,

Naquele fim de tarde, Onde a cidade se preparava para pegar o " busão".

Cada gota tímida,

Era rima,

Era distração,

Que o seu coração buscava contemplar e extrair alguma emoção.

A vida tem feridas,

As feridas nos ensinam

a não sonhar.

Na garganta ela experimentava a cada soluçar,

O amargo fel,

Ela se esconde abaixo de seu chapéu.

E o céu reflete a tua'lma tempestiva.

felinas sangrias,

Arranham suas entranhas.

Uma moça,

Que ali passava,

Seus olhos choravam,

Ela também andava de mãos dadas

com a solidão.

Ela estendeu sua mão,

Ao se aproximar,

E lhe ofereceu um cigarro.

A moça que já estava sentada

deu um trago,

Disse obrigado e começou a chorar.

No mesmo tempo,

As nuvens percebendo

seu tormento,

Naquele momento com mais força começou a chuviscar.

As duas foram para um abrigo,

E com um sorriso,

A moça do cigarro,

Lhe deu um abraço e começou a falar:

"A vida é como a chuva,

Sempre uni as pessoas,

Vamos aproveitar essa chuva boa,

e vamos nos conectar."

Um olhar,

Uma lágrima,

Uma olhava para a outra ,

Ambas molhadas da chuva que já estava a passar.

Chuva passageira,

Fez só acender a fogueira,

O amor está no ar.

Lábios se uniram

Naquela calçada enxarcada,

Era o afago da mágoa,

Iniciava ali então

o verbo amar.

Aproximaram-se

Alguns homens,

Irritados,

Com o amor incomodados,

As duas foram espancar.

Assassinaram,

e antes das seis

as duas estruparam,

Outras pessoas até olharam,

mas não foram ajudar.

A homofobia

causa sangrias,

Devemos nos atentar,

Devemos denunciar!

Foi um atentado,

Dois corações foram machucados.

O amor não é pecado,

Pecado mesmo é odiar.

Urbano Leafa O despoeta
Enviado por Urbano Leafa O despoeta em 06/11/2019
Código do texto: T6788428
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