PASSAMENTO PREMEDITADO

*Elias Alves Aranha

O dizimado e doloroso letargo

Provou o cálice do fel amargo

Com a penosa dor da alma abatida…

Impulsionado pela depressão

Na tempestuosa e facínora ação

Levou a cabo a própria vida.

Não nos pertence mais, ele partiu

A vida já se despediu

Seguiu e não pode mais voltar…

Abrimos nossa casa e nossa janela

A realidade da vida nos espera

Pois ela vai continuar.

A dor já é coisa do passado

O futuro espera do outro lado

O presente o tempo vem nos entregar…

Falam e nossos sentidos ouve e não resolve

Rasgamos a cortina que nos envolve

Entregamos a Deus e Ele nos compreenderá.

Enturbece os limites essa dor absoluta

O eterno presente do tempo enluta

Impedem nossos olhos de contemplar…

A afastada actualidade em segredo

Conflita e confunde o intrigante enredo

Na sacrossanta saudade que deixa continuar.

Devemos ser crentes nesta hora

Que a quem amamos que foi embora

A saudade imortaliza a presença de quem partiu…

Não teremos o que ainda não pode ser

O mistério que hoje quer o esconder

Provocando e incitando o combate e o desafio.

Com o tempo esta dor se apazigua

Transforma-se em silêncio que espera entre vírgula

Na ressurreição da vida um dia reencontrar…

Morreu o que a morte já sepultou

Segue existindo o legado que deixou

E viverá o que dela ressuscitar…

Elias Aranha
Enviado por Elias Aranha em 31/07/2020
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