Reflexões
Reflexões, são tantas
Nem sei por onde começar
O dia foi bom, talvez...
Mas tem essa lucidez
Essa sensação de conhecer
De saber sobre seu lugar no espaço
Mas me desfaço um pouco da razão
Nem sei se temos um lugar
Ou se em nossos corações
Existe a noção da palavra amar
E fico refletindo, existo!
Isso é fato, talvez não...
Se existo de fato
Contemplo o que vem de dentro
E as vezes, não vem nada
É só o vazio que afaga
E aponta para várias direções
Reflexões, razões e emoções
Uma mistura heterogênea
Que fervilha dentro da gente
E de repente, estamos em silêncio
Coisa rara, mas tudo cala
E a fala antes desperdiçada
Passa para outro sentido
E aprendemos a ouvir
Aprendemos a escutar
Mudamos de patamar
E verdadeiramente refletimos
Na verdade, pouco importa
A reflexão está contaminada
Pelo que somos, pelo que vivemos
E se ao menos o silêncio
Puder plantar um pensamento
Em nossas mentes agitadas
Poderemos escutar não a razão
Mas a verdadeira loucura
Que invade o que denominamos
O que chamamos de discernimento
Verdades, talvez nenhuma
A verdade é cada vez mais abstrata
Ao passo que o ter é o que interessa
E se ter é importante
Não menos distantes
Estamos da fadiga da reflexão
E o mundo é frenético
É vaidoso e voraz
Agora tanto faz
Estou refletindo, penso
Que espaço ocupo?
Qual meu lugar no mundo?
E juro que se eu encontrar respostas
Para tantas extenuantes perguntas
Sei que ainda haverá reflexões
Pois a cabeça não é saciada
Não se dá por satisfeita
Então, na minha reflexão
Crio dentro de mim um jardim
Acredito que esteja cheio de flores
Mas de ervas daninhas também
Pois quem só se sente flor
Se machuca com o inverno
E esse inverno virá
Um dia sentiremos frio
A alma vai sentir o vazio
E algumas ervas daninhas
Aquelas que não vemos
Que não percebemos em nosso jardim
Abrirão espaço entre nossas flores
Matando algumas ilusões
Pois podemos ser fera, leões...
E nossas pequenas maldades
Revelarão sobressaltadas
O que temos em nossos corações
E o que pensamos sobre nós
Na verdade não é o que realmente somos
E digo isso, porque existe o instinto
A parte que não controlamos
E se existe alguém sem instintos
Ele está morto, é antinatural
Sim, queremos ser flores
Queremos que a orquídea cresça
E que só nosso lado bom prevaleça
Sinto muito dizer, a dualidade
A fragmentação do nosso eu
Traz a tona bondade e maldade
E agora, eu paro
Essa reflexão tomos vários rumos
No momento, introspectivo
Penso que somos diversos mundos
Dentro do que é perceptível
Ouvindo Engenheiros do Hawaii - Somos Quem Podemos Ser, dentro de um ônibus e viajando na letra que diz com propriedade que somos o que podemos ser.
OBS: O que somos mesmo?