OS DIAS ERAM ASSIM

De olhos fechados

Com os olhos vedados

O corpo amarrado

E o medo dos ratos

O tapa na cara

As mãos algemadas

Palavras censuradas

A voz desarmada

Silêncio na cela

E o medo da cobra

O medo dos vermes

Das suas manobras

O pânico, o choque

O grito, o desespero

O choro contido

O âmago preso

Um corpo sem vida

Violado, abatido

Criança desolada

Arma inimiga

Ideologia sem nexo

Sem pudor, sem moral

Perfeita contradição

Vergonha irracional

A lágrima, o terror

O ódio, a tortura

O caos, a dor

As sirenes assustam

A covardia, a traição

O corte, a ferida

O sangue, o trauma

A máscara, a mentira

Constituição rasgada

Democracia enforcada

A vida no pau de arara

Jamais será apagada

Os dias eram assim

Lembrança triste e infeliz

Da queda ao fracasso

Do enterro dos fuzis

Há luta, há braços

Resistência, revolução

Da flor, a esperança

Do inocente, a razão

O importuno oculto

Farsa da nossa história

Aos heróis dessa guerra

Triunfados na memória

Emiliano Pordeus
Enviado por Emiliano Pordeus em 18/08/2023
Código do texto: T7864463
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