INDIGNA-SE O EU!

Em certos finais de tarde,

Apossa-se a melancolia, entristecido,

Fecho a porta de meu escritório Isolando-me completamente

E ali passo horas e horas Trocando ideias comigo mesmo.

Questiono este meu EU, e o porquê de ser assim,

Algumas coisas que acontece ao decorrer da vida

E por que razão são direcionadas exclusivas para mim!

Algumas perguntas são descabidas e estas sei responder

Em outras o Eu emudece permanecendo sisudo e calado

Parece até querer fazer-me compreender que não preciso saber

São perguntas e respostas que me levam a lugar algum

E que por mais que tente, ainda não é necessário o abranger.

Em meus questionamentos preocupa-me o sentimental

O porquê que: entre tantos amores eu não tive nenhum,

Apenas momentos ilusórios, frios e inconstantes, fora do normal.

Semeei milhares de flores colorindo terras cultivadas no carinho

Onde seriam raras as belezas e admirável o perfeito de um jardim

Mas que ervas daminhas fortaleceram e sem o devido cuidado

Encaminharam o belo para um degradante, passivo e triste fim.

O meu Eu sussurra, percebo-o furioso e bastante contrariado,

Porque não para de se encantar com a graça de lindos rostos

E pare de se deslumbrar com promessas de olhares sonhadores,

Como este que agora estás insensatamente a se concentrar?

Não vês que será inútil e mais lágrimas irão dos olhos jorrarem,

Procuras o impossível em alguém que não quer e não chegará a te amar,

Nas andanças por caminhos não floridos, não aspirarás à essência da flor

Desgastar-te-ás no inútil da espera, nas escolhas para se iludir,

Palavras generalizam-se pelo ar e quase sempre o vento as leva

E dentro de pouco tempo, novamente estarás aqui a me inquirir

Porque o disto ou daquilo, estás sendo louco e muito imprudente,

Nisto muito em breve estará outra vez amargurado com esta porta fechada

E as lágrimas do desamor, rolar-se-ão livres e quentes, pela face inutilmente,

Este amor que idealizas, não o viverá, porque já está enclausurado

Em outros braços desfrutando minimamente aquela pontinha de felicidade

E enquanto não despertar, não verá a realidade, que isto é muito pouco,

Também por querer não enxergará no fútil de seus dias o fundamental,

Que mesmo tendo no coração a pureza revestida com a sinceridade

Isto para Ela nada valerá, pois já esta impregnada, e nem sequer imaginará

Que um enamorado chora trancafiado, lamuriando em uma sala, seu amor a implorar.

A noite se aproxima, dou um basta, e este Eu que me condena que vá sossegar,

A chave firmemente bloqueia porta, passos largos conduzem-me a escuridão

O radio de meu carro insiste a tocar aquela canção, falando do que não pode ser,

Percorro avenidas, luzes e vultos em sua casa fazem-me entristecer, retorno acabrunhado,

Para em outro cubículo me entrincheirar, na angustiosa solidão de meu quarto

Olhos marejados perscrutam a escuridão na ânsia que não demore o sono a chegar

Implorando que este sono seja gratificante, que mais uma vez me leve a sonhar

Com o toque em sua pele, com o calor de seus lábios, com seus braços a me abraçar!...

Elio Moreira
Enviado por Elio Moreira em 16/08/2010
Código do texto: T2441053
Classificação de conteúdo: seguro