Solitário
Solitário
Os acordes da viola
Não acompanham as batidas
Descompassadas do coração solitário
E o sorriso pálido da lua
Banha com sua luz prateada
O córrego de águas cristalinas,
Lançando as sombras do jatobazeiro no copiar.
A cantoria das rãs, jias e caçotes
Que vem dos pés de croatá e macambiras
Parecem estar mais de acordo
Com as batidas descompassadas.
Nem o ceú bordado de estrelas
Que lembra o manto de Nossa Senhora
Consegue alegrar o coração do cabôclo.
Escanchado na rede bota a viola de lado
E acende um cigarro de palha
O pensamento agora voa longe
E a matutar as lembranças quase esquece as labutas
Que começam bem antes do sol raiar.
Agora desarma a rede no copiar
E pendura a viola no torno da parede
Toma uma caneca d àgua da quartinha.
Ajoelha-se aos pés do oratório
Murmurando uma prece a Nossa Senhora,
Vai demorar prá dormir mas não pode
Ficar dando trela prá solidão.