Sinto...


Sinto nessa hora em meu corpo tocar
A brisa da noite que canta e balança
De mansinho nesse barco pra lá, pra cá
Trazendo a minh’alma que não cansa
O alento que meu coração vive a esperar...

Nas correntezas da atribulação da vida
Percorri caminhos áridos e pedregosos
Vivi sem consolo, companhia e guarida
Sofri desenganos vários dos invejosos
Mas não desisti da minha investida...

Sinto tocar meu sentimento agora
Uma paz estranha que me acalma
Uma harmonia que vem de fora
Para revigorar toda alegria da alma
Que no mais íntimo do meu ser mora...

Agora é tempo de festejar a vida
Deixar para trás as ilusões perdidas
Voltar para o aconchego da gente querida
Considerar que a batalha não será vencida
Enquanto houver força para continuar a lida.

Por isso, hoje, nessa calma da noite, sinto
Toda a energia cósmica em volta de mim
Para enxergar o real e não o que pressinto
Receber beleza e graça do meu querubim
Interagir com a retidão do meu instinto.