O virtualismo solitário

Sinto na pele o engano do mundo virtual.

Penso que interajo com os outros,

Mas fico isolado,

Frente ao teclado e a tela fria de um computador.

Sou o sociável mais solitário internauta.

Vivo falando com todos

Sem falar sequer comigo mesmo.

Vivo, falo e sonho com o mundo...

Magias, esperanças e sonhos paralisados no monitor.

Vivo a contradição mais certa

Que a sociedade global traz crua e friamente pra mim!

Sou um sociável solitário,

Em um individualismo bem individual.

Perco o meu intimismo

E a minha capacidade de cultivar meus relacionamentos interpessoais,

Tirando o meu tempo preciso com meus amigos reais

E aproveitar o melhor que a efêmera vida pode me trazer

Para perder meu tempo na Internet,

Entre salas de bate-papo, notícias e jogos,

Sendo escravo de mim mesmo.

Não agüento mais essa solidão!

Quero dar um tempo a mim mesmo...

Anseio me afastar do excesso da virtualidade

E dar tempo a meus sonhos.

Sobretudo, me permitir

A dar uma chance de, ao menos, aprender a viver.